Seja qual for o tipo de crédito, os bancos fazem uma análise do perfil de risco do cliente, com vista a evitar futuros incumprimentos. Além da documentação pessoal solicitada, as instituições bancárias vão averiguar junto do Banco de Portugal quais os créditos que já possui, e se estão ou não a ser cumpridos sem falhas, através da consulta do Mapa de Responsabilidades de Crédito. Adicionalmente, é calculada a taxa de esforço com o objetivo de averiguar se o cliente tem capacidade financeira para cumprir o contrato de crédito.
Mas o que significa esta taxa de esforço, e como é calculada? A taxa de esforço representa a percentagem do rendimento familiar destinada a pagar prestações de créditos já contraídos. É um indicador crucial utilizado pelos bancos para decidir a concessão de novos empréstimos.
Para fazer o cálculo da sua deverá dividir o valor dos encargos financeiros mensais (todas as despesas com créditos, rendas, luz, água e gás, entre outros) pelo rendimento líquido total do agregado(soma de todas as receitas mensais entre salários, abonos, pensões e outros rendimentos), e multiplicar o resultado por 100, o que resulta num valor percentual.
Quanto maior a taxa, menos sobra para outras despesas, o que pode complicar a sua situação financeira. Taxas de esforço até 25% são aceitáveis, e até 35% consideram-se geríveis. Acima disso, começam a ser difíceis de gerir e podem resultar em problemas graves.
Mas vamos a um exemplo concreto. No caso de um agregado familiar com rendimento global de 2000€ que pague 500€ de prestação mensal num crédito habitação, a taxa de esforço é de 25%. Ou seja, está dentro do limite aceitável. Contudo, se esta mesma família tiver mais despesas com créditos, a taxa será mais elevada, e poderá já não ser possível contrair mais empréstimos.
Na análise de risco, a taxa de esforço é apenas um dos vários indicadores avaliados pelos bancos. Outros fatores, como o número de membros da família e os rendimentos restantes após prestações bancárias, também são relevantes.
O valor da taxa de esforço é útil para o banco avaliar qual o peso que a prestação de um empréstimo terá nas finanças do cliente, mas também para o próprio avaliar se esta lhe permite gerir as finanças pessoais sem sobressaltos. Depois de conhecer a sua taxa de esforço, e se esta for mais alta do que o desejável, pode tentar ajustá-la para que seja mais fácil de gerir o rendimento mensal. Por exemplo, pode renegociar o crédito junto do banco, baixando o spread ou prolongando o prazo ou transferir para outra instituição que ofereça melhores condições de financiamento. Poderá igualmente averiguar as vantagens de amortizar uma parte da dívida, uma vez que terá um reflexo no valor mensal a pagar ao banco, ou fazer a consolidação de vários créditos numa única instituição, pagando apenas uma prestação, normalmente com uma taxa de juro mais favorável.