Comprar uma casa, um carro, um frigorífico ou pagar umas férias a prestações são formas simples de adquirir bens que, de outra forma, não teria hipótese. Os créditos são uma forma de democratização do acesso a bens, mas podem igualmente ser uma tentação a evitar se as finanças não forem bem geridas.
Em dezembro de 2024, o valor do endividamento de particulares em Portugal atingiu o valor mais elevado desde 2019, somando um total de volume de crédito contraído na ordem dos 159 mil milhões de euros, de acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal, um valor que daria para comprar cerca de 200 novos comboios para a CP. Deste montante, cerca de 33% são contratos de crédito habitação, cuja taxa de incumprimento foi, no final do ano passado de 1,4%.
Porém, apesar da percentagem reduzida de crédito malparado na vertente habitação, e na ausência de dados concretos sobre os restantes tipos de crédito, continuam a existir casos graves de sobre-endividamento nas famílias. A subida das taxas de juro no crédito habitação entre 2022 e o início de 2024 contribuiu para uma maior dificuldade das famílias em fazer face às suas responsabilidades financeiras, e algumas voltaram a debater-se com situações de sobre-endividamento.
Existem, contudo, soluções para todos os problemas, e há pequenos hábitos que podem ajudar a evitar situações de grave desequilíbrio financeiro, que são sempre assustadoras. O importante é não desanimar e procurar a melhor forma de ultrapassar o problema.
Assim, se precisar de um crédito, comece por identificar o tipo de empréstimo mais ajustado ao seu objetivo. Analise as diferentes propostas usando as Fichas de Informação Normalizada (FIN) e compare as TAEG. A mais baixa será a do crédito mais barato.
Preste igualmente atenção à taxa de esforço. A percentagem do rendimento destinada ao pagamento de dívidas não deve ultrapassar 30% a 35%, sendo que o Banco de Portugal considera uma situação de elevado risco de incumprimento quando o esforço para pagar as mensalidades de crédito atinge ou se aproxima dos 50%.
Para evitar situações inesperadas, provocadas por subidas de taxas de juro (como aconteceu recentemente) ou o desemprego, que pode atingir qualquer pessoa, é importante criar um fundo de emergência para imprevistos. Com este pé-de-meia reduz a necessidade de recorrer a crédito, mas se optar por recorrer, é uma salvaguarda para os momentos de aperto. Em caso de dúvida, procure aconselhamento financeiro. Existem instituições que oferecem apoio gratuito e, acima de tudo, lembre-se de que a gestão consciente das finanças pessoais é fundamental para evitar o sobre-endividamento.